terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

De como conheço o "Ói Nóis"

Não lembro a primeira vez que ouvi falar no “Oí Nóis”, acho que desde quando comecei a trabalhar com teatro, lá pelos anos de 1993, 94, já tinha consciência da existência do grupo, mas foi só no início de 2009 que tive a primeira oportunidade de um contato mais direto. Antes disso, em 2008, quando estava empolgado em uma pesquisa sobre gestão cultural e lendo o livro “O Avesso da Cena” de Rômulo Avelar, me ative com interesse ao capítulo em que abordava formas de organização coletiva e o "Ói Nóis" era exemplo de administração planificada, diferenciando-se dos modelos vigentes. De volta a 2009, abril mais precisamente, nós dos Clowns estávamos fazendo uma residência para intercâmbio em Salvador, no “Teatro Vila Velha”, com a “Outra Companhia de Teatro”. Lembro que em uma das tardes quando chegava ao teatro para mais uma jornada de trabalho percebi no mural um cartaz do espetáculo "O Amargo Santo da Purificação". De imediato pensei: vou! Decidi antes mesmo de ver que a data estava dentro da nossa permanência na cidade e fora do nosso horário de trabalho. Verifiquei esses dois detalhes e a oportunidade permaneceu de pé. O teatro já me levou a muitos cantos Brasil a fora, mas nunca tive a felicidade de encontrar com o “Ói Nóis”, não até essa ocasião. Data e hora marcada eu estava no Elevador Lacerda, local da apresentação. Assisti o espetáculo e fiquei verdadeiramente tocado. Eu nasci no período da ditadura, mas quando comecei a adquirir consciência política esse negro momento da nossa história já havia passado. Mesmo não sendo uma testemunha presencial acabei vivendo muito do período repressivo por osmose, através das falas enfáticas do meu pai até o seu último dia de vida. Até a queda do "muro" ele foi um marxista convicto, depois não, esmoreceu das rubras ideias, mas sempre permaneceu crítico ferrenho de todo o período repressivo. Voltando ao que interessa. Fiquei bastante tocado com a apresentação e lembro que nesse dia familiares do Marighella, personagem retratado na cena, estavam na plateia. Quando tudo terminou Fernando me chamou para conhecer a Tânia. Mesmo no meio da confusão de fim de espetáculo ainda deu para bater um papo rápido. Fernando e Tânia na época eram conselheiros do Redemoinho. Aliás, essa apresentação foi antes do fatídico fim do movimento que ocorreria naquela mesma cidade poucos dias depois. Posteriormente ainda cheguei a assisti-los com o mesmo espetáculo no Vale do Anhangabaú, em São Paulo. Por fim, agora terei a oportunidade de conhecê-los bem de perto, de estar na casa deles e recebê-los em minha casa. De conhecer seus processos de trabalho e em troca mostrar como trabalhamos. Estou disposto e ansioso.

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