segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Intercâmbio - Dia 03 - Tarde e noite de segunda

Começamos hoje o trabalho só entre os grupos, sem a condução do Ernani, como nos dois dias anteriores. Sob a condução da Tânia, foi feito um exercício em roda, na qual a energia era trocada entre os participantes a partir da palma. Uma palma lançava para o outro, que recebia com outra palma “para dentro”. No início, as palmas eram trocadas num andamento mais lento e para o colega mais próximo, de um dos lados. Em seguida, essa distância e a pulsação iam ampliando, até que as palmas eram lançadas e recebidas num ritmo frenético por toda a roda. É bonito ver esse grupão trabalhando junto, ver o Ói Nóis aqui na nossa casa, bom demais.

Depois, o exercício consistia em caminhar pelo espaço, seguindo os comandos da Tânia: uma palma significava caminhar normalmente, duas palmas caminhar de costas, três caminhar com os calcanhares e quatro caminhar na ponta dos pés. Após fazer uma sequência de variações, todos voltaram a caminhar normalmente, para em seguida ir aumentando a velocidade até chegar em uma pequena corrida, e assim permaneceram por um bom tempo.

A atividade seguinte foi um bom alongamento, que levou a um trabalho técnico de impulsos e lançamentos com partes do corpo. A Tânia ainda propôs um último exercício antes de seguir para os nossos exercícios cênicos heinermullerianos: usando a estrutura clássica do jogo do rabo, ou do burro, na qual uma pessoa fica com um rabo na parte de trás da calça e deve impedir o outro de pegá-lo, eles desenvolveram uma dinâmica para trabalhar texto. Uma primeira dupla entra no centro da roda, e desenvolve o jogo ao mesmo tempo em que cada um fala um fragmento de texto. Quando o “perseguidor” consegue pegar o rabo, volta pra roda e o jogo segue com um terceiro que entra, e assim por diante. Enquanto isso, o jogo vai indicando variações e estímulos para a voz.

Finalizada essa primeira parte, sentamos numa roda para ler o roteiro do que foi apresentado em Porto Alegre. Lemos, os que estavam lá explicaram algumas lacunas, e decidimos trabalhar até às 18h, para só então darmos um intervalo (era próximo das 17h, naquele momento). Começamos então a trabalhar a partir da Projeção: Sexo. Encontramos um tecido semelhante ao usado em Porto Alegre, e começou-se a conversar sobre o que fazer com a cena. Após os que tavam em Porto Alegre aprofundarem mais a descrição, o Marco sugeriu que os quatro atores que não estavam na etapa anterior – Paulinha, Titina, Joel e Dudu – fizessem uma improvisação a partir da imagem que tinham construído da cena, complementando a criação como achassem melhor. Sem combinar antes, eles tinham que ir de sopetão.

O exercício começou até próximo da estrutura, mas logo foi para outros lugares. Os meninos se entregaram ao tema, improvisaram por um bom tempo, criando imagens muito boas, algumas situações diferentes.

Fizemos uma avaliação da cena, e vimos que apesar de ter ido para outro lugar da cena original, havia um material proposto que pode ser inserido na cena. Em seguida, o César alertou que será impossível fazer esse processo com todas as cenas, porque não temos tempo. A Tânia concordou, e ambos levantaram que é preciso estruturar com mais objetividade o trabalho para darmos conta nesse curto tempo.

Em seguida, a Martinha fez uma proposta para inserir mais gente na cena, colocando mais gente debaixo do tecido e mais gente fazendo a ambiência sonora em volta também. Foram experimentando, todos propondo ideias, como a estrutura da criação coletiva proposta pelo Ói Nóis sugere, e o Marco aproveitou o seu conhecimento para propor uma organização sonora (um revezamento dos gemidos dos homens e das mulheres, que com o tempo vai acelerando e crescendo). Nesse meio tempo, também foram lembrando de algumas marcações da cena original de PoA. Em seguida, pausa para o intervalo.

Ainda durante o lanche de intervalo, na conversa da cozinha, conversava-se sobre como organizar o trabalho para otimizar o pouco tempo que temos. Depois do intervalo, houve uma reunião pra definir a programação tanto de hoje, quanto dos outros dias. O resumo da ópera é que definiu-se que a projeção parto seria suprimida, e a vinheta parto passará a ser o equivalente à cena parto, e que hoje pegaríamos a ampliação da vinheta morte inserindo os demais instrumentos. Assim foi feito. O Marco se excluiu do grupo instrumental, manteve a Tânia e o Eugênio, e inseriu a Paulinha (sax), Camille (flauta transversal), Marta (prato), Dudu (caixa), Joel (alfaia), Titina (trompete) e Renata (clarinete). O grupão entrando em junto ficou bonito, lembrou um pouco coro do Antunes.

Em seguida, ainda pegamos o arranjo vocal do Ernani, e surpreendentemente foi muito bom!!! Confesso que esperava que eles perderiam mais, mas foi muito legal.

Pra finalizar a noite, assistimos dois vídeos juntos: um curtinha de prestação de contas do primeiro ano de atividades do nosso Ponto de Cultura, o Barracão Mambembe, e o curta de conclusão do curso de cinema de Cuba que a Ariane dirigiu, e fala sobre um centro de tratamento de jovens ucranianos vítimas das sequelas de Chernobyl. Muito bonito, singelo, delicado. Bom fim de um bom dia de trabalho.

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